terça-feira, 20 de outubro de 2015

CONTRALUZ



A contraluz,
Os livros iluminam as retinas,
O dia se mostra em negrito,
A letra abre os lábios na leitura,
E o pó em suspensão, quase num rito,
Só pousa com meu dedo em cima
Da palavra "cura".

 Foto: Angelo Rosário

terça-feira, 6 de outubro de 2015

COLOFÃO_Poema de um escritor pré-escrito


 O escritor precisa de solidão e solidariedade.

Ausências e presenças. 

Dengo e danação. 

Nada sai, nada rola, nada fecha, se o que lhe resta de companhia, não lhe dá Bom dia, ou que lhe faça uma festa. 

Suado, despenteado, barbudo, faminto... bicho carnívoro correndo atrás do cursor.

Cadeira que range, seca de suportar seu peso, aceita a má-sorte, essa sina...
E ensina à mesa de vidro a mostrar as unhas grandes de corte. 

O prazo do editor o abate, o cansaço bate e volta, esse é seu degredo,
mas o desejo de lamber a cria pronta lhe apronta um fim e toda a trama desse livro de segredos.