sábado, 22 de outubro de 2011

Ser-tão Baiano



“Ser-tão baiano: o lugar da sertanidade na configuração da identidade baiana” (EDUFBA, 2011), de Cláudia Pereira Vasconcelos, é um estudo primoroso e envolvente sobre a baianidade, ou como o próprio título indica, sobre uma sertanidade baiana.

Tive acesso a seu texto no I Simpósio Internacional de Baianaidade (SINBaianidade), ocorrido neste mês em Seabra, Campus XXIII-UNEB, e tão logo o adquiri saí do mar caymmiano, uma das imagens mais influentes de uma “baianidade essencial”, para o sertão.

A começar pelas referências teóricas e temáticas, o texto de Cláudia Vasconcelos dialoga com o meu em “Acontece que eu sou baiano: identidade e memória cultural no cancioneiro de Dorival Caymmi” (EDUNEB, 2009).

Trilhamos percursos diferentes, tanto pessoais quanto acadêmicos, mas desaguamos na mesma seara. Ela, de origem baiano-sertaneja, interessada no não-lugar do sertão no discurso da baianidade; eu, de origem baiano-soteropolitana, preocupado com a centralidade desse discurso na identificação dos baianos a partir de Salvador.

Ao escolher Dorival Caymmi para discutir essa baianidade centralizadora, inclusive contradizendo o papel dado a ele como um dos responsáveis por esta identidade, o fiz porque ao mesmo tempo me sentia confortável e incomodado, sem com isso, é claro, sofrer crises de identidade.

Cláudia Vasconcelos não trabalhou especificamente um personagem, mas ao fazer um percurso pelos variados elementos simbólicos que foram inventados e construídos da baianidade, cita Dorival Caymmi. E é impossível não fugir dele, mesmo que se imagine o contrário, porque a sua persona, assim como sua obra, são indissociáveis da própria “ideia de Bahia”.

Não é somente esse ponto que me interessa em seu texto, mas também a sua discussão sobre as linhas de tensão que muitos baianocêntricos tentam ofuscar ou ocultar por detrás de uma suposta baianidade harmoniosa. Conflitos sociais, culturais, raciais pululam desta máscara que nos forçam a contemplar como a verdade de nós mesmos.

Escrito com uma linguagem fluida e pontual, a autora articula experiências intra e extramuros universitários para nos dar conta de sua inquietação acerca do tema. O seu percurso teórico-analítico começa com a própria “ideia de sertão” na constituição da brasilidade, recortando os conceitos do nacional, para o regional até chegar ao local, e os inverte em seguida para entender (e nós também) esse ir e vir das ideologias constitutivas sobre a identidade baiana.

Essa narrativa nos dá a compreensão dos vetores discursivos que fazem parte dessa trama, tecida e alinhavada, da invenção das identidades relativas às sociedades. Transitando com competência nas teorias de Hommi Bhabha, Stuart Hall e Pierre Bordieu, além de estudiosos brasileiros, como Milton Moura, Durval Muniz de Albuquerque Jr e Nísia Trindade Lima, a autora nos refina essas abordagens para nos levar a uma conclusão possível: a de que a sertanidade não tem espaço no texto da baianidade, devido ao discurso de poder reiteradamente impositivo e invasivo durante a construção desse território simbólico e geográfico chamado Bahia, a partir de Salvador e do Recôncavo.

E há uma saída para esta hegemonia? Se a profecia de Conselheiro de que “o sertão vai virar mar e o mar vai virar sertão” acontecesse como possibilidade de releitura da baianidade e assim deslocasse o centro de sua irradiação, a sertanidade não seria também questionada como centralizadora?

Em 2005, publiquei um ensaio sobre a representação da “ideia de sertão” que Euclides da Cunha criou em “Os Sertões”, e que posteriormente viraria uma sentença identitária do “ser nordestino”, quando esta região, anteriormente conhecida com Norte, passou a ser Nordeste.

A máxima euclidiana de que “o sertanejo é antes de tudo um forte” é voz corrente até hoje, mas a reveberação desta imagem está incompleta, porque, assim como os baionocêntricos desviam o nosso olhar para uma simetria comportamental, “a invenção do falo”, estudada por Durval Muniz Albuquerque Jr, mostra um sertanejo/nordestino cabra-macho, esquecendo a figura quase franksteiniana que Euclides descreve em seguida àquela frase inicial: “é um Hércules-Quasímodo” (o ensaio, por sinal, intitula-se “Hércules-Quasímodo: que sertanejo é este?”).

E se tomarmos o espaço do Nordeste como foco, ele mesmo é uma aberração geopolítica, que por duas vezes, no decorrer de sua configuração no século XX, inseriu e excluiu a Bahia de seu território pela evidente constatação de que ela não correspondia a uma nordestinidade perfeita.

A SUDENE assume a Bahia como nordestina, porque o “discurso da seca” a identifica como o Estado como a maior área de semi-árido da região. O que é um paradoxo, haja vista o norte de Minas Gerais ter sido área de atuação do órgão e nem por isso o mineiro de lá se vê como nordestino. Até porque a mineiridade é tão forte que empata em termos de concentração imagética e discursiva com a baianidade e outras idiossincrasias regionais.

Pensando na estruturação desses conceitos sobre Bahia e Nordeste, escrevi em 2010, para a edição comemorativa da Revista Nordeste, editada em João Pessoa, um artigo intitulado “Nordestinidade baiana”, no qual pontuo a dupla face de um baiano nordestino ou nordestino baiano, ou seja, como ele se vê ancorado a essas duas leituras de região: ora a Bahia como maior do que o Nordeste, devido à sua diferença cultural em relação aos outros Estados, comumente marcados pela unidade tendo Recife como centro; ora o Nordeste como maior do que a Bahia, na medida em que a ele está anexado por convenção geopolítica e, consequentemente, a todas as suas características sócio-econômicas.

Cláudia Vasconcelos flerta com isso tudo, demonstrando assim, competência na discussão do tema a que se propõe refletir. Foi providencial a descoberta de seu texto no SINBaianidade, porque deu ao meu um outro prisma de reflexão. A mesa da qual fez parte, “Quem cabe na baianidade?”, foi uma das mais concorridas, suponho eu, devido à própria provocação que a pergunta encerra.

Nesta baianidade, cabe, sim, Cláudia, o sertão. Aliás, foi em Seabra, sertão, Chapada Diamantina, centro geográfico da Bahia, para onde convergiram todas as Bahias, principalmente aquela do Recôncavo de Roberto Mendes e de Mateus Aleluia. Para que esta “inserção” aconteça, é preciso que os bons ventos de sua fala continuem levando para longe a cortina de poeira do essencialismo cultural.

A proposta é realizar a segunda edição do SINBaianidade, em Irecê, outra cidade sertaneja. Para mim, simbolicamente será uma coincidência especial, pois lembra Caymmi em duas passagens de sua biografia.
Uma, remonta à sua tenra idade. Segundo sua neta e biógrafa, Stella Caymmi, o primeiro exercício de composição dele não tinha o mar ou Salvador como tema, embora evidentemente essa paisagem praieira fosse constante em seu cotidiano, mas foi o sertão.

Intitulada no “No Sertão”, o adolescente Dorival Caymmi, em 1930, com 16 anos, cantava “Lá no sertão nasce a vida e a alegria no coração / (...) Nosso amor nasceu pelo São João, / Na roda brejeira, na fogueira ao soluçar do violão.”

O próprio Caymmi revelou que era uma letra cheia de lugares-comuns, bem no estilo modinheiro. Mesmo que tenha sido uma “brincadeirinha”, talvez inspirada em Catulo da Paixão Cearense e outras toadas de sua época, Caymmi não deixa de se interessar por outras referências culturais. Aliás, em seu acervo, disponibilizado na Fundação Tom Jobim, é possível encontrar o início de outra partitura com o título “Vou embora pro sertão”.

E Caymmi quase foi para o sertão mesmo. Esta é a segunda passagem de sua biografia a que me refiri. Como emprego estava difícil em Salvador para o jovem Caymmi, ele tentou, em 1935, aprovação em concurso público estadual para uma vaga de coletor de impostos em Irecê. Ficou em segundo lugar.

Enquanto aguardava ser convocado, caso o primeiro lugar desistisse, Caymmi ganhava dinheiro vendendo bebidas de porta em porta. Cansou-se de carregar mostruário pesado e de esperar sair no Diário Oficial sua convocação. Pegou seu violão e foi para o Rio de Janeiro em 1938. E foi lá, terra da Rádio Nacional, que ele bombou.

Já imaginou um Caymmi cantor e compositor de modinhas ou toadas sertanejas, o ambiente marinho trocado pela caatinga e, em vez de “O que é que a baiana tem?”, “O que é que a sertaneja tem?”. Se Irecê, segundo o próprio relato de Cláudia Vasconcelos, quando lá participou de um projeto social voltado para a agricultura, foi uma experiência especial em sua trajetória, porque não poderia ocorrer o mesmo com Caymmi?

É, mas o destino fez com que a sua estrada não fosse de terra batida, mas a das ondas verdes do mar de Yemanjá.

Parabéns, Cláudia pelo trabalho. Interessado que sou também pelo sertão, já estive envolvido com os estudos conselheiristas e euclidianos, esse seu estudo vem complementar minhas pesquisas sobre a baianidade. E para ficar.

domingo, 16 de outubro de 2011

I Simpósio Internacional de Baianidade




A UNEB, por meio de seus Departamentos, especialmente DCHT-Campus XXIII, que sediou o I SINBaianidade, potencializa a sua conformação de ser uma Universidade imprescindível para a Educação Superior no Estado, a partir de projetos científico-acadêmicos pontuais de afirmação institucional.

Presente na maioria das regiões da Bahia, a UNEB não tem como órgão suplementar um fórum de pesquisa e extensão multidisciplinar voltado para o debate sobre as identidades baianas.

Com o SINBaianidade, idealizado pelo professor, pesquisador de Jorge Amado e diretor do Campus XXIII, Gildeci Leite, deu mostras reais e concretas de que é possível congregar artistas, intelectuais, comunidades culturais e religiosas, saberes e pensamentos orais e letrados para dialogar sobre nossas experiências e vivências baianas.

A programação do evento teve palestras de Muniz Sodré, João Jorge (Olodum), Júlio Braga, Antônio Torres, Capinan; exibição de filmes, como "Jardim das Folhas Sagradas", de Pola Ribeiro, e "Bahêa, minha vida", de Márcio Cavalcante; shows de Mateus Aleluia, Xangai, Roberto Mendes, além de debates com professores, pesquisadores, estudantes em diversas mesas-redondas nos quatro dias de evento.

Fui convidado para participar da mesa "Claves e Acordes da Baianidade", ao lado do Prof. Dr. Armando Alexandre Castro (UFBA), "Axé music e baianidade"; do Prof. Ms. Carlos Barros, "As baianidades em Daniela Mercury e Ivete Sangalo: construções a partir das representações coletivas dos públicos do artista"; do Prof. Ms. Clebemilton Nascimento (UNEB), "Outras baianidades: representações de gênero e outros marcadores sociais da diferença nas letras dos pagodes baianos", e de César Rasec (Mestre em Cultura, jornalista e pesquisador musical), "Do trio elétrico à Axé Music: um novo olhar sobre a baianidade".

Debatemos com muitos momentos de calorosa intervenção do público sobre o valor acadêmico de nossas pesquisas, o que tem demonstrado que a baianidade musical é um dos pontos mais controvertidos dessa ideia de Bahia, até porque a música produzida aqui é mais popular do que a literatura e por isso a sua visibilidade é espontânea, vide os atores que a dinamizam e a força empresarial e mercadológica que a caracteriza.

O resultado deste evento, no qual a voz corrente era de que a iniciativa foi exemplar para as outras Universidades, não poderia ser outro: positivo. Embora ainda carente de estrutura maior para congregar o público com conforto, o esforço de todos da Comissão Organizadora para suprir essas lacunas deu o tom da exequibilidade de realização fora de Salvador de um evento sobre a sua hegemonia cultural na Bahia.

Deslocamos de um centro para outro (Seabra é o centro geográfico do Estado) as várias Bahias.

Esperamos que a próxima edição seja mais abrangente, desta vez, com o Núcleo de Estudos da Baianidade da UNEB criado para consolidar mais ainda nossos objetivos.




sábado, 1 de outubro de 2011

João do Rio, um flâneur carioca


João do Rio


João Paulo Emilio Cristóvão dos Santos Coelho Barreto (1881-1921), nasceu antes do Rio de Janeiro tornar-se Capital Federal, nos "buliçosos" anos que fecharam o Império de D. Pedro II. Passou a ser conhecido por João do Rio nos anos da República, quando a imitação européia de viver, comer, beber, se vestir, além de fazer arte, influenciou as mentes da elite social e cultural brasileira, especialmente a carioca.

A leitura que João do Rio fez deste vanguardismo estético na literatura resultou uma obra "aclimatada" ao gosto nacional bastante singular entre os escritores de sua geração.

A começar pelo próprio perfil tanto literário quanto pessoal dele, talvez incomum numa sociedade letrada avessa a rasgos de ousadia artística e de comportamento.

Mulato, homossexual e gordo, isto não era impeditivo para João do Rio se esconder. Fino, inteligente e simpático, conquistou o público elitizado e popular com sua lavra bem desenhada e irônica ao traçar um Rio de Janeiro atrás do cartão postal de cidade com pretensões de ser a Paris dos trópicos.

Ele saía às ruas, com sua performance de flâneur, tal qual Baudelaire, e vestido em trajes bem cortados e caros, tal qual Oscar Wilde, para captar a "belle époque" carioca de todos os ângulos.

"A alma encantadora das ruas" é um livro de crônicas, cuja leitura é imprescindível para conhecermos este período no qual a literatura, pensando aqui no livro de Nicolau Sevcenko, era vista como missão, na medida em que os escritores assumiam um papel de intérprete do Brasil em fase de (re)definição identitária, com tantos problemas sociais e políticos pós-Abolição.

Tornou-se membro da Academia Brasileira de Letras e levou para a Casa de Machado de Assis o que nas torres de marfim era visto como "mundano". Falar de personagens que não estavam nos romances tradicionais foi inclusive uma forma de ascensão de um gênero textual pouco estudado e aceito pela crítica literária de então, mas que durante o século XX verá o aumento de leitores e o surgimento de cronistas exemplares, como Rubem Braga, Carlos Drummond de Andrade, Inácio de Loyola Brandão, Luis Fernando Veríssimo, João Ubaldo Ribeiro...

João do Rio em HQ será o máximo da divulgação em círculos de leitores pouco interessados em autores antigos, devido talvez a linguagem ou temas passadistas. Com o visual do graphic novel, tão presente hoje na editoração de obras literárias, o leitor universitário, aquele com quem tenho mais proximidade, passará a vê-lo com mais interesse, até porque serão formadores de outros tantos como professores de Literatura nas escolas e disto não podem prescindir.

João do Rio é finura de personalidade e de estilo, sem discriminar a patuléia e os "marginais" do Rio de Janeiro, um microcosmo do Brasil urbano do início do século XX. O funeral do escritor que morreu jovem, aos 40 anos, de ataque cardíaco, foi um dos mais concorridos da cidade, só visto igual no de Getúlio Vargas e Carmen Miranda.

Foi ovacionado pela rua que tanto celebrou.


São Paulo, sábado, 01 de outubro de 2011
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ROCK IN RIO? NÃO, JOÃO DO RIO

Allan Sieber e Allan Rabelo produzem livros em que adaptam para HQ a obra do cronista, autor de "A Alma Encantadora das Ruas"

Allan Sieber e Allan Rabelo
Acima, em adaptação de Allan Sieber para o conto "Pequenas Profissões", marinheiro é enganado no porto por ambulante

ROBERTO KAZ
DE SÃO PAULO

É 1916. João do Rio bebe vinho, em um camarim, ao lado da dançarina americana Isadora Duncan (1877-1927).
Ela começa a se despir, após uma apresentação no Theatro Municipal do Rio, mas é prontamente interrompida por ele: "Querida, por favor, não perca o decoro. Troque-se atrás do biombo."
Ela brinca -"Já viste mais que isso, João"-, relembrando o banho que tomara, nua, em uma cachoeira da Tijuca. "Parece ter gostado."
"Puro prazer estético", responde João do Rio.
A cena, desenhada por Allan Rabelo, faz parte do projeto de adaptação das obras do cronista João do Rio (1881-1921) para as HQs.
Há duas em andamento: a de Rabelo (com roteiro de S. Lobo para a editora Barba Negra) e a do cartunista Allan Sieber (para a Desiderata).
O trabalho de Rabelo e S. Lobo deve ficar pronto em 2013. Por ora, eles estão adaptando "A Alma Encantadora das Ruas", coletânea das crônicas publicadas por João do Rio no jornal "A Gazeta de Notícias" e na revista "Kosmos", entre 1904 e 1907.
Os dois, que já trabalharam na adaptação "Irmãos Grimm em Quadrinhos" (Desiderata), tomaram a liberdade de criar personagens, como Massarelo Lopes, imigrante que dá golpes baratos, faz michê e tem um caso com João.
Se ativeram, no entanto, à linguagem da época. Assim, falam do suposto "flirt" (flerte) do cronista com Isadora Duncan, quando ela esteve no Rio em 1916.
As crônicas de João do Rio retratavam, com afeto, um submundo de personagens marginais que compunham a fauna urbana carioca no começo do século 20.
Eram ciganos, prostitutas, tatuadores, marinheiros e vigaristas que esfolavam gatos mortos para vendê-los, aos restaurantes, como lebres (daí a expressão "comprou gato por lebre").
João do Rio, ele mesmo, não representava os padrões vigentes: andava de fraque verde, era gordo (tinha hipotireoidismo) e homossexual.
Segundo João Carlos Rodrigues, autor de "João do Rio - Vida, Paixão e Obra" (Civilização Brasileira), a faceta "maldita" das crônicas refletia um lado também maldito do autor. "Ele era um dândi, que frequentava a alta sociedade mas era contra ela."
Essa postura irônica foi uma das razões que motivaram o cartunista Allan Sieber a também fazer uma adaptação, a ser lançada em 2012.
"No começo, sugeriram 'O Triste Fim de Policarpo Quaresma', do Lima Barreto, que não combinava com o meu traço", disse Sieber. "Quando trocaram pelo João do Rio, topei, porque ele tinha aquele ar meio cínico."
Sieber, quadrinista da Folha, dividiu sua versão em três partes. Baseou-as no conto "O Homem de Cabeça de Papelão" e nos livros "Dentro da Noite" e "A Alma Encantadora das Ruas".
Diz quase não ter alterado a narrativa: "Eu ficava travado com a reconstituição histórica, mas o restante estava ali, pronto". Preocupou-se em não fazer "um livro condensado para idiotas, um 'João do Rio for Dummies'".
Também no livro de Sieber há cenas em meio a prostitutas, michês e trombadinhas. Numa delas, o texto diz: "As meretrizes mandam marcar corações com o nome dos amantes. Se brigam, removem a tatuagem e marcam o mesmo nome no calcanhar. É a maior das ofensas: nome no chão, roçando a poeira...".