domingo, 28 de agosto de 2011

Ser Alice ou Pollyana por duas horas


Indignado
Decadência moral.
Nem no domingo a gente tem sossego com esses políticos sem-vergonhas, corruptos, insanos, imbecis...
Abro jornais e revistas e vejo esses caras tendo Ibope. Estou cansado de ler notícias de falcatruas e roubalheiras com o dinheiro público. Trabalho horrores, dou minha cota social à educação pública do País (falida ou pré-falimentar) e esses ministros, deputados, prefeitos, governadores sacaneando com o povo.
Ah, mas tem políticos bons e maus, argumentam uns. Mas o próprio Estado possibilita isso, dando brechas constitucionais para eles desfilarem sua estupidez e arrogância. Quem não é desonesto, sente, mínimo que seja, a vontade de usurpar. Ninguém é santo e o ser humano é inumano nessas horas.
Como lembrou bem Luiz Freire, esse País é "cronicamente inviável". Vou andar de bike para fugir das más notícias do dia. Dá uma de Alice ou de Pollyana por duas horas. O pior de tudo que é na rua que vemos o resultado dessa safadeza política: mendigos, menores abandonados, trânsito caótico, lixo, buraco, ladrões, postos de saúde mal-estruturados, módulos policiais desativados...
Só xingar não adianta, infelizmente.

sábado, 6 de agosto de 2011

Brutalidade a Km/h


Enquanto esperava meu carro ser lavado na concessionária onde o comprei, assistia a uma reportagem no programa Hoje em Dia, da Record, sobre violência no trânsito. Segundo a matéria, a polícia de São Paulo registra por dia 70 brigas entre condutores de veículos e pedestres. Na maioria dos casos, as agressões são verbais, mas em vários casos resultam em mortes.
Em Salvador, onde o trânsito está caótico devido à falta de infraestrutura viária para atender a demanda de milhares de carros licenciados ao mês, a ocorrência de mortes por acidentes cresce na mesma proporção.
Já me envolvi em dois acidentes sem vítimas. Na primeira, assumi meu erro, embora o outro motorista também tivesse culpa pelo fato de os faróis traseiros estarem apagados, quando frenou. A minha desatenção em estar dirigindo conversando animadamente com um amigo, além da pouca iluminação e dos buracos da via, contribui para o choque.
Desci do carro um pouco alterado devido ao susto, mas me controlei porque, independentemente de um ou outro assumir a culpa, meu seguro pagaria o estrago. Identifiquei-me, dei-lhe meu cartão de visita e segui meu caminho.
No outro caso, uma semana depois de ter recebido o carro novinho, fui atingido por uma Kombi de lotação em Bom Despacho, Ilha de Itaparica. Era antevéspera de Ano Novo, meio-dia, sinalizei para entrar na rua, mas a desatenção do outro condutor causou o acidente.
Minha reação, primeiramente era de sair do carro já brigando. Mas respirei, peguei a máquina de fotografia e comecei a registrar. Enquanto ele vociferava, dizendo que eu era o culpado por ter sinalizado já perto de entrar na via, eu justificava calmamente a minha conduta. Um amigo meu aparece e me dá apoio. Depois chegam dois policiais que também apoiam a minha versão. Tranquilo, fiz um boletim de ocorrência no posto policial, o motorista assumiu a culpa e passei meu Reveillon vivo e sem ter sido agredido.
Casos de pessoas que se agridem até a morte nas ruas do Brasil por motivos fúteis são noticiados diariamente. Antes de fechar este post, leio mais uma notícia de barbárie no trânsito: um cabeleireiro é assassinado por ter reclamado da buzina de um motorista estressado no engarrafamento.
Fato ocorrido em Salvador, me causou uma indignação tão forte que me comovi só em ler a manchete do jornal. O cabeleireiro teria dito: "Tá vendendo buzina?", ao se incomodar com a poluição sonora que o condutor fazia. Ao desafogar o tráfego, o homem teria dito que ia "pegar" a vítima. 20 minutos depois, ele retorna e cumpre a promessa.
Segundo a polícia, o dono do veículo, que pode ser o mesmo que atirou, é ex-presidiário, recém-saído da pena e com diversas passagens na polícia por roubo e receptação de carros.
O stress inicial provocado por uma pressa que ninguém sabia o porquê, deu lugar a uma outra, mais insana e inumana, a de matar uma pessoa.
É por uma dessas razões que penso cada vez menos tirar meu carro da garagem. Mas como pedestre ou ciclista, o perigo aumenta, porque o carro virou arma na mão daqueles que não nos querem na sua frente.