sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Rota do Açúcar - Penedo


Atravessando o Rio São Francisco, de Alagoas para Sergipe


Casa à venda, sonhada para ser minha


Igreja e Convento Nossa Senhora dos Anjos


Pôr-do-sol à beira do Rio São Francisco, Penedo



Fim de tarde na Rocheira, à beira do rio


Hotel Colonial, à direita, onde pernoitei em frente ao rio


Vista do Rio São Francisco



Resumo em uma palavra o que senti ao chegar a Penedo, Alagoas: encantamento.

Tudo nessa cidade, que fica às margens do Rio São Francisco, me levou a ficar mais tempo do que eu desejava. Meu objetivo era atravessar o rio e pernoitar em Aracaju para, na manhã seguinte, seguir para Salvador.

As casas antigas do centro histórico mostram o quanto se pode conservar sem tirar delas o jeito especial de vida urbana que a cidade tem. Patrimônio Histórico do Brasil, Penedo é uma das jóias do Velho Chico, tanto do ponto de vista arquitetônico quanto cultural.

A vista do rio do alto do penedo, onde fica a fortaleza, é deslumbrante, mais ainda quando é emoldurado por um pôr-do-sol em tarde de céu de um azul profundo. Desci até à beira do rio para senti-lo mais verde-musgo do que à distância permitia.

Passeando pelas ruas vazias, deu uma vontade de morar ali. E não foi difícil me sentir tão dentro delas, pois encontrei uma casa de dois andares à venda. Ao entrar para conhecer, fiquei mais tentado ao saber que o valor era praticamente o de uma casa em Salvador em bairro popular, bem mais simples e menor, sem o glamour de morar numa casa tombada pelo IPHAN.

As fotos que tirei do casario reproduzem a minha tentativa de captar meu olhar de turista acidental. Pena não ter tido tempo para vagar mais pela cidade, mas ao acordar em pleno dia de comércio, fiz um percurso mais atento, porém num circuito de ruas próximas ao hotel, e tive a certeza de que ainda voltarei à Penedo para visitar não só outros pontos de sua urbanidade, mas o litoral sul de Alagoas, onde desemboca o Rio São Francisco.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Rota do Açúcar - Alagoas, parte 2


Igreja Nossa Senhora do Pilar, Pilar, Alagoas


Última parada da rota, Usina Coruripe


Usina Coruripe, Coruripe, Alagoas


Praia do Gunga, Barra de São Miguel, Litoral Sul de Alagoas


Casario de Marechal Deodoro, Alagoas


Vista do cais de Marechal Deodoro, Alagoas


Conjunto arquitetônico religioso de Marechal Deodoro, Alagoas


Prefeitura Municipal de Marechal Deodoro, Alagoas


Saí de Maceió sob uma forte chuva, com destino à Pilar, Marechal Deodoro e Coruripe. E isso prejudicou bastante a visita aos engenhos nessas cidades, especialmente Pilar, onde era mais difícil o acesso ao Engenho Lamarão. Não seria prudente embarcar nessa aventura.
Segundo um morador, a quem pedi informações sobre o engenho, naquela época de chuva nem caminhão ou trator chega ao Lamarão. Aproveitei assim mesmo para conhecer a cidade. Sua arquitetura tem muitos traços do século XIX, parecida com Cachoeira, na Bahia. Ali, nasceu Artur Ramos, um dos mais representativos estudiosos sobre relações raciais no Brasil.
Após uns cliques, segui caminho para Marechal Deodoro, primeira capital de Alagoas, e onde nasceu o militar que dá nome à cidade. A chuva começava a amenizar e o tempo entre nublado e com sol já me alegrava, dando a sensação de que a tarde não estava perdida. Pretendia fazer todas as cidades e pernoitar em Penedo.
Fiz um city tour pelo centro histórico da cidade que em termos de conservação era melhor do que Pilar. Não sei se devido à chuva, eu não pude ver melhor o casario de Pilar, mas à primeira vista e logo na entrada, o quarteirão antigo da parte alta era um brinco. Desci para o cais do rio, onde acontece a feira. Cheguei na parte da desmontagem das barracas e me surpreendi com mais prédios conservados, depois lendo uma faixa entendi o porquê de tanto cuidado: meses antes houve a visita do ministro do Turismo, que injetou recursos para restaurar as casas.
Dei uma passada no museu da cidade, uma casa baixa e não muito grande, onde nasceu Marechal Deodoro. Lá estão reunidas algumas peças domésticas do tempo em que o militar morava, fotos de duversas fases de sua carreira, dentre elas a de primeiro presidente da República.
Seguindo ao sul, a próxima parada era Coruripe. Estrada boa e recém-asfaltada, tentei compensar o tempo perdido devido à chuva e cheguei à última cidade da Rota no meio da tarde, mas quão decepcionante foi ao ver que a cidade em si não me encantou. Só pude ver um monumento na cidade, a igreja matriz, assim mesmo não muito bonita.
Meu objetivo era conhecer a Usina Coruripe, a maior proutora de açúcar e álcool do Nordeste. E determinado a cumprir a mssão traçada, bati no portão da fábrica. Queria conhecer as etapas de produção do açúcar naquela modalidade diferente da que se produzia na moita de outrora. Como era domingo, a administração estava fechada e o segurança só permitiu fotos da área externa.
Atando os fios desta Rota, coincidência ou não, mas isso é bem simbólico para a realização deste projeto de documentário, percebi que comecei a viagem visitando um engenho, o São João, em Itamaracá, um dos mais antigos de Pernambuco e o primeiro a transitar da energia de tração animal para a máquina a vapor, e terminei em Coruripe na mais atual evolução da produção de derivados da cana.
Satisfeito com a viagem até ali, mesmo com um pouco de cansaço por estar sempre dirgindo, queria conhecer Penedo, sabedor da importância histórica e cultural dela para a colonização do Nordeste a partir do Rio São Francisco.
Até lá, eu passaria por um dos litorais mais belos do mundo, onde o rio da integração nacional desemboca. Pena não ter tido tempo para visitá-lo como convicto praieiro que sou, mas o colocarei num dos meus roteiros futuros de passeio
Como ainda não cheguei em casa, a viagem ainda me reservaria bons momentos, mas esse é um post à parte. A Rota do Açúcar termina aqui a sua primeira incursão com um gosto amargo de não ter provado uma cachacinha nem uma rapadura. Talvez porque não fui aos engenhos da Paraíba, onde a produção desses produtos é atração principal desse projeto turístico maravilhosa, mas que ainda precisa de investimento realmente integrado não só entre as cidades de cada Estado e entre eles mesmos.
Valeu a aventura, agora é começar a escrever o projeto e começar a filmar o documentário.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Rota do Açúcar - Alagoas, parte 1





Na Serra da Barriga, Memorial Zumbi dos Palmares, União dos Palmares, Alagoas



Em frente à casa-grande do Engenho Inhumas, União dos Palmares, Alagoas



Casa-grande e senzala no alto e capela embaixo. Fazenda Marrecas, Maragogi, Alagoas


Quando saí de Salvador, dia 22, eu pernoitei em Maceió. Na manhã seguinte, segui para Recife. Minha intenção era fazer os engenhos de Alagoas no retorno para Salvador, a partir do dia 28.

E assim o fiz. O primeiro engenho de Alagoas foi o Marrecas, em Maragogi, litoral norte do Estado. Infelizmente cheguei já no final da tarde e não pude conhecer as praias da cidade que, segundo os roteiros, estão entre as mais lindas do Nordeste.

A Fazenda Marrecas se transformou em hotel-fazenda de boa estrutura. A casa-grande e a senzala ficam numa elevação, de onde pode se ver a capela e as instalações mais novas da propriedade. Não encontrei vestígios da moita, mas seu conjunto arquitetônico é bem vistoso quando se vê da estrada de barro que dá acesso a sua entrada principal.

Pedi autorização à recepção para conhecer o espaço mais público do hotel-fazenda, ou seja, a varanda da casa-grande e a capela, onde no momento estava ocorrendo uma missa. Fiquei satisfeito com a visita, poderia ter até me hospedado lá para aproveitar mais, no entanto, gostaria de ainda chegar à Maceió e no dia seguinte seguir para União dos Palmares.

No meio do caminho, calculando a quilometragem entre em ir para a capital ou União dos Palmares, decidi pela última, mesmo correndo o risco de trafegar por rodovias estaduais pouco conservadas. Cheguei três horas depois, numa viagem que, segundo o GPS, seria feita em duas.

União dos Palmares estava em festa de sua padroeira e as praças estavam coloridas de luzes do parque de diversão e do palco de shows musicais de axé, pagode, brega e arrocha. Depois de tomar banho e descansar um pouco, fui conhecer a festa.

Não podia atravessar a madrugada, pois de manhã cedo queria conhecer a Serra da Barriga, onde está o Memorial Zumbi dos Palmares, e o Engenho Inhumas. Como coincidentemente era também dia de feira, não encontrei o centro cultural aberto, onde nasceu o poeta Jorge de Lima.

Minha opção foi encontrar uma agência de viagens para conseguir um guia. E por sorte, achei a agência da ex-secretaria de Turismo da cidade, que me indicou um guia, Carlos, funcionário da mesma secretaria.

Muito gentil e atencioso, ele me levou primeiramente ao Engenho Inhumas, de propriedade da família de Isabel, atual secretária de Turismo, que durante uma hora ou mais nos contou sobre as histórias do engenho. A casa-grande está conservada, mas carente de uma restauração em alguns cômodos para se transformar num hotel-fazenda, intenção essa ainda em discussão entre os herdeiros.

Após essa visita, subimos a Serra da Barriga, onde, sobre seu platô, existiu o centro do maior quilombo de escravos do Brasil. No seu lugar, construiu-se o Memorial Zumbi dos Palmares. A chuva impediu um pouco a visitação, mas pude ter a noção da proposta do espaço cultural tombado pelo IPHAN. E para saudar os nossos ancestrais africanos, comemos um acarajé quentinho no término do passeio.

Ainda pretendia, no período da tarde visitar a Usina Leão, em Rio Largo, próxima à Maceió, onde eu de novo iria pernoitar. Peguei a estrada e, por não saber onde ficava a usina, entrei na cidade que tem uma paisagem do Rio Mundaú e suas corredeiras muito bonitas, além de seu casario secular ainda conservado.

Ensinaram-me o caminho certo para chegar as ruínas da antiga Usina Leão, mas o espaço reservado para visitação pela indústria moderna, que se localiza a cinco quilômetros da primeira construção movida a vapor, não foi liberado para eu entrar, porque não havia mais ninguém na administração para autorizar. No entanto, o chefe da segurança educadamente permitiu que eu fotografasse e filmasse bem rápido uma parte do prédio.

Roteiro cumprido neste dia, dormi em Maceió para na manhã seguinte conhecer os engenhos do litoral sul. No outro post, vou contar minha passagem por Pilar, Marechal Deodoro, Coruripe e Penedo.