domingo, 3 de junho de 2007

Hugo Chávez


A manipulação de informações acerca da decisão do presidente Hugo Chávez de não renovar a concessão da RCTV, a outrora mais influente rede de televisão da Venezuela, pode ser avaliada por todos aqueles que desconfiam do que vem prontinho à sua casa no horário das 20h15, através do Jornal Nacional, ou mesmo de noticiários de outras redes, ou ainda, de editais e matérias dos grandes jornais, como Folha de S. Paulo.


Eu sou um privilegiado, pois tenho acesso a variados canais massivos de informação, mantenho-me atualizado de tudo e, em especial, sobre este caso da Venezuela, tenho buscado me informar constantemente. Assisti ao vídeo "A revolução não será televisionada" (http://www.youtube.com/watch?v=aQu8ic0WRXo), um documentário com imagens exclusivas da tentativa de golpe de Estado ao governo de Hugo Chávez em 2002 por seus oposicionistas, em conluio com a CIA, leia-se Estados Unidos. O vídeo está dividido em 10 partes, devido ao limite de tempo que o You Tube disponibiliza.


Os produtores do vídeo captaram a tensão antes, durante e depois do golpe e do contra-golpe, mostrando os bastidores e a movimentação dos dois grupos pelo poder. A RCTV e outras redes ocultaram a verdade dos fatos, não transmitindo o contra-ataque dos chavistas pela retomada do Palácio Miraflores, em Caracas.


A maioria da população assistia a filmes e desenhos animados, enquanto tiros e bombas explodiam nas ruas, matando os manifestantes que, não acreditando nas informações divulgadas pelo governo provisório de que Hugo Chávez havia renunciado, buscavam o seu presidente, a esta altura escondido pelos golpistas, depois de retirado do palácio.


A não-renovação do sinal da RCTV não foi um ato peremptório de Hugo Chávez. Lá, a concessão é dada por 20 anos e o da RCTV estava vencendo. A Constituição não foi desrespeitada. O presidente esperou até o último segundo de transmissão da TV para não lhe dar a renovação. Foi légitimo. Desrespeito seria se Chávez fizesse isso, enquanto a licença estivesse vigorando.


Outras ainda, inclusive as que colaboraram com o golpe, estão funcionando e fazendo igualmente oposição ao governo que, ao contrário do que divulgam na imprensa brasileira, não faz censura institucional. Talvez quando precisarem renovar suas licenças, se Chávez ainda estiver no poder, não as terão.


O mais interessante neste quiproquó todo é o fato de o Congresso Nacional brasileiro, cheio de questões mais importante para resolver, ter feito um pedido ao governo venezuelano de revogação de sua decisão.

Que moral tem o Senado, com suas raposas velhas mais do que carcomidas de poder, como José Sarney e ACM que, durante o mandato do primeiro como presidente e do segundo como ministro das Comunicações, distribuíram concessões de rádio e televisão para políticos?


O mesmo pode acontecer no Brasil, com a Globo, SBT, Record, Band saindo do ar e só ouvirmos o chiado ou vermos a tela azul de "sem sinal"... É só Lula acordar com o companheiro Chávez na cabeça (ou literalmente com a boina vermelha dos bolivarianos) para os Marinhos, Abravanéis, Macedos, Saads sentirem o travo amargo que a RCTV está sentindo.


Não digo nada.




Um comentário:

Anônimo disse...

Meu amigo Martielson,

Concordo com vc quanto a legalidade, mas a respeito da censura discordo, se começarmos a admitir certo tipo de coisa corremos o risco de se implantar uam "ditadura democrática". Evidente que o capital travestido de comunicação faz das suas, mas o meu receio é que isto se espanda para a sociedade de uam forma geral, e ai como vão ficar as liberdades individuais, apaprtir do momento em que o cidadão comum não concordar com as posições do grande cacique? Nós todos sabemos qual é o plano de Chavez se perpetuar no poder!! alias, se deixar todos, indistintivamente querem fazer o mesmo, Bush adoraria fazer o mesmo.